Vamos aprender a torcer por educação e saúde públicas de qualidade assim como torcemos por nosso time de futebol?
A nossa Constituição Federal Brasileira prevê uma democracia mista. A representativa, que exercemos quando elegemos os nossos deputados e senadores, governadores e o presidente da República, vereadores e prefeitos. E a participativa, exatamente esta que estou buscando despertar em toda a população brasileira, a partir da construção de uma consciência cidadã participativa transformadora.
Acredito que todos devemos aderir a essa cultura de participar pois, como já sabemos, não existe um salvador da pátria. Apenas um governador eleito não tem capacidade de transformar sozinho um estado, assim como nenhum presidente da República pode resolver os problemas do nosso país sem amplo apoio. É mais do que necessária a participação de cada cidadão individualmente mas, principalmente, da sociedade civil organizada.
Mudança de Hábitos
E o passo inicial para isso é a mudança de hábitos. Vamos tomar como exemplo o torcedor de futebol. Seja ele do Vitória, do Bahia, do Flamengo, do Fluminense ou de qualquer outro time, pequeno ou grande, ele “veste a camisa”. Quando seu time não vai bem, está na terceira ou na segunda divisão, correndo o risco de ser rebaixado, o torcedor não hesita em cobrar por mudança. Sempre assistimos e ouvimos nas TVs e rádios por todo o Brasil torcedores dando entrevistas, expressando suas opiniões, indo para aeroportos esperar seu time para fazer cobranças a jogadores, técnicos e dirigentes. Pedem que o presidente do clube tenha atitude, busquem melhores resultados, expressam suas opiniões sobre a troca de técnico, sobre o jogador que está mal, demonstram cansaço e frustrações com a situação do seu clube do coração.
É esta mesma atitude que gostaria de ver aflorar em todo povo brasileiro em relação a nossa democracia participativa. Que façam questão de ter gestores atuando em busca de escolas e postos de saúde com qualidade, segurança e justiça para todos. O brasileiro precisa aprender a se incomodar também com o desempenho da primeira série, da segunda série, da terceira série. Movimentar-se por mudança na escola dos seus filhos, saber quem é o diretor e os professores, o secretário de educação e o de saúde. Assim como vão ao aeroporto reclamar do time, precisam criar também o hábito de ir para as portas das prefeituras, câmaras e assembleias, para as tvs e ruas, buscar o espaço para reclamar e fazer valer os seus direitos.
É para construir este sentimento de pertencimento que a consciência cidadã participativa é importantíssima e precisa ser transformada em hábito, uma constante atitude. Precisamos nos preocupar com a escola dos nossos filhos e nossos postos de saúde tanto ou mais do que nos preocupamos com o nosso time de futebol.
Democracia participativa
Claro que eu compreendo a importância do futebol para o nosso povo. Mas até para que ele continue existindo como um momento de convívio social e alegria, precisamos de educação, saúde e segurança públicas. Afinal, são fundamentais e até indispensáveis para garantir que não seremos assaltados ao sair do estádio ou que teremos assistência em caso de acidente ou qualquer outro imprevisto.
Volto a afirmar: é importante aprendermos a exercer a nossa democracia participativa. Acreditar que temos direito de cobrar, de fiscalizar, de contribuir. Que devemos conhecer os professores e os diretores das nossas escolas. Que devemos conhecer os programas educacionais assim como conhecemos os esquemas táticos de nossos times de futebol.
Vamos aprender a torcer pela dignidade do povo brasileiro. Vamos reforçar a torcida por um país melhor, mais justo e eficiente. Se realmente desejamos transformação, precisamos ampliar nossas atitudes e agir com consciência cidadã participativa.