Há 35 anos, em 9 de novembro de 1989, vimos o Muro de Berlim ser derrubado, quebrando a divisão que separava não apenas uma cidade, mas corações e mentes. Esse muro, símbolo da divisão entre “nós” e “eles,” nos lembra que barreiras podem ser erguidas e mantidas não só com concreto, mas com ideias que distanciam as pessoas de sua verdadeira essência: somos um só povo. E em 5 de outubro de 1988, pactuamos nossa Constituição Cidadã, trazendo em seu coração a igualdade de todos, independentemente de crença, raça ou gênero – uma Constituição solidária e com direitos iguais para todos. Hoje, o Brasil enfrenta seu próprio desafio de muros invisíveis, construídos entre etnias e classes, reforçando a ilusão de que somos diferentes, que devemos algo uns aos outros. No entanto, somos uma só nação, uma única família.
A história do Brasil é uma jornada de misturas: africanos, indígenas, europeus e outros povos que, juntos, formaram o que somos. Nossa pele, nossa cultura e nossos valores trazem um pouco de cada um desses ancestrais, de suas lutas e sonhos. Negros, brancos, indígenas; não somos “nós contra eles.” Somos frutos dessa união, de gerações que se entrelaçaram e nos legaram uma nação onde a riqueza está na diversidade e no respeito à história de cada um.
Ao perpetuar divisões e promover polarizações, ignoramos nossas raízes e desvalorizamos a herança de um povo que é, acima de tudo, mestiço e plural. Cada um de nós carrega em seus genes a marca dessa diversidade. E se olharmos para nosso passado com sabedoria, veremos que não há espaço para um “lado vencedor” ou “lado derrotado.” Todos contribuíram, todos têm seu lugar, todos deixaram marcas indeléveis em nossa cultura e nossa identidade.
Hoje, podemos escolher derrubar os muros que nos separam, abandonando a ideia de que nossa força está em qualquer superioridade. Nossa força está na harmonia, na capacidade de olhar para o outro e enxergar um irmão, alguém que compartilha da mesma pátria e do mesmo destino. Assim como famílias que se reconectaram após a queda do Muro de Berlim, podemos nos reencontrar como povo, deixando para trás as divisões e abraçando a unidade.
A verdadeira evolução está no amadurecimento em direção à consciência cidadã, no despertar do sentimento de unidade e pertencimento à nossa nação como povo brasileiro. Estamos no século XXI, em 2024, e com o mesmo entusiasmo daqueles que derrubaram o Muro de Berlim, vamos derrubar os muros do preconceito e da intolerância, construindo em seu lugar um país onde o respeito e o orgulho promovam o entendimento. Afinal, somos todos parte de uma história maior, e o Brasil só alcançará sua verdadeira grandeza com a dignidade de todos. Unidos, podemos construir e contribuir para um futuro de paz, igualdade e prosperidade.
Pau na máquina!