Educação como via de transformação: a visão de Ney Campello no podcast “É da nossa conta!”

Por: Movimento Via Cidadã

14/10/2025

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O episódio desta segunda-feira (13) do podcast É da nossa conta! trouxe uma conversa franca e inspiradora entre Paulo Cavalcanti e Ney Campello, educador, consultor e diretor da Universidade Aberta da ACB (UNIACB). Velhos amigos, os dois revisitaram uma trajetória comum marcada por projetos inovadores em educação, cidadania e desenvolvimento social.

Um educador por essência

Campello destacou logo no início da conversa que prefere ser chamado de educador, não apenas professor. “Professor é quem ensina conteúdos; educador é quem colabora com a emancipação do outro”, afirmou. Para ele, a educação é o único caminho capaz de transformar o Brasil de forma estrutural: “É através dela que o cidadão aprende a pensar criticamente e a tomar decisões conscientes”.

Paulo recordou a longa parceria entre ambos, desde as iniciativas culturais à criação da Editora Humanidades, passando pela digitalização dos 100 anos do Jornal A Tarde. “A gente diverge em política, mas converge naquilo que importa: o desejo de transformar o país pela educação”, disse Cavalcanti.

A origem da UNIACB

O bate-papo resgatou o nascimento da Universidade Aberta da Associação Comercial da Bahia, criada durante a pandemia. Ney lembrou que, com a economia paralisada, surgiu a ideia de usar plataformas digitais para formar empresários, trabalhadores e cidadãos. “Começamos com webinários, entrevistando grandes nomes da educação, mas percebemos que precisávamos de algo mais longevo, com papel formativo, não apenas informativo”, explicou.

Assim nasceu a UNIACB, como uma universidade aberta, voltada não só ao setor produtivo, mas à formação cidadã. Campello relatou o impacto do Projeto Marsúpio, que qualificou mulheres empreendedoras do subúrbio de Salvador. “Era alfabetização digital, recomposição de aprendizagens e, principalmente, construção de autoestima. A educação abre portas. Inclusive a da saída da dependência do assistencialismo”, disse, lembrando o episódio em que participantes do projeto pediram para pagar pelo curso após perceberem seu valor transformador.

Educação e associativismo

Para Cavalcanti, a UNIACB é parte da visão mais ampla do Movimento Via Cidadã, que busca unir conhecimento, empreendedorismo e responsabilidade social. “Não existe empresário próspero sem sociedade próspera”, reafirmou. Campello completou: “O associativismo que defendemos é solidário e transformador. Não é sobre ganhar sozinho, é sobre construir uma nação mais justa”.

Entre os planos em curso, Campello destacou o curso de pós-graduação em Planejamento Urbano e Cidades Sustentáveis, em parceria com o Instituto Baiano de Direito Imobiliário (IBDI). A formação, híbrida, abordará temas como sustentabilidade, resiliência urbana e inovação pública, culminando com um projeto de intervenção prática.

Outra frente é a criação do Observatório Educacional, que nasce do Fórum de Educação Popular do Beiru. A proposta é reunir comunidade, academia e poder público para monitorar indicadores de educação e transformar a fiscalização cidadã em rotina. “O observatório é para que as pessoas perguntem: os professores estão vindo? O IDEB melhorou? Há merenda? Essa prática é que muda o país”, defendeu Campello.

Educação como responsabilidade coletiva

Encerrando o episódio, Ney sintetizou a mensagem central: “É da nossa conta a educação no Brasil, a cidadania e a transformação social”. Paulo reforçou o compromisso da ACB e do Movimento Via Cidadã em avançar com os observatórios de eficiência dos serviços públicos, conectando a educação à prática da democracia participativa.

“Como dizia Paulo Freire, não é a educação que muda o mundo, são as pessoas. E as pessoas mudam o mundo pela educação”, concluiu Campello.