Eduardo Sorensen no “É da Nossa Conta!”: cidadania produtiva e o papel do Projeto Marsúpio na transformação do empreendedor popular

Por: Movimento Via Cidadã

21/11/2025

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Nesta segunda-feira, 17, o debate sobre a cidadania participativa e a transformação social ganhou destaque no podcast “É da Nossa Conta”. O apresentador Paulo Cavalcanti recebeu o empresário e engenheiro Eduardo Sorensen, sócio fundador da Credifit, administrador da Link PJ e diretor financeiro da ABRH Bahia, para um debate sobre sua parceria com o Projeto Marsúpio, uma iniciativa focada no acolhimento e formalização do empreendedor informal.

Como pontuou Cavalcanti no início da conversa, o Projeto Marsúpio nasceu da união entre a Fundação Paulo Cavalcanti e a Associação Comercial da Bahia (ACB), com o propósito de dar suporte ao que é chamado de “o empresário raiz, aquele que acorda todo santo dia sem ninguém pedir nem mandar não tem carteira assinada mas ele sai a luta autosustentável, corre atrás e ganhar o pão de cada dia”.

A meta é transformar esse indivíduo em “formal, transformar ele em produtivo, transformar ele em um cidadão que produz riqueza pro nosso país, riqueza em todos os sentidos, principalmente a sua autoestima cidadã, seu sentimento de pertencimento a essa grande nação que chama-se Brasil”.

Eduardo Sorensen, que começou sua carreira focado em tecnologia e negócios, revelou que passou a entender a importância da consciência cidadã e da transformação social muito por causa da iniciativa de Cavalcanti, criador do projeto. Como detalhou, a Credifit já nasceu com um propósito social, por volta de 2018/2019, após uma nova resolução do Banco Central (4656) que criou novos tipos de fintechs.

“Uma fintech, sigla para ‘finanças e tecnologia’, funciona como uma startup de finanças, e a Credifit se tornou um banco com número oficial junto ao Banco Central (452), bastante regulado, com a missão de ‘trazer, digamos assim, uma um esforço de taxas mais baixas, uma competitividade melhor com fim social, com fim de melhorar as condições e ofertas pro Brasil’”, detalhou Sorensen.

O Acolhimento Tecnológico do Canguru

A Credifit, juntamente com a Link PJ (um hub de soluções empreendedoras focado no micro e pequeno empresário e, especificamente, no MEI), viu no Projeto Marsúpio um ecossistema interessante para apoio. A Credifit pôde contribuir inicialmente com a tecnologia, patrocinando o desenvolvimento do aplicativo do Marsúpio, um Mínimo Produto Viável (MVP) que necessita de mais recursos para evoluir. A Link PJ, por sua vez, pode oferecer uma conta digital PJ que auxilia o MEI a separar suas finanças pessoais das empresariais, um passo crucial para o crescimento.

O idealizador do Marsúpio ressaltou que o projeto se baseia em uma estratégia que vai além das práticas tradicionais de fomento ao empreendedorismo. Ele utiliza uma metáfora popular para explicar a necessidade de um quarto elemento: “não dê o peixe, não dê a vara… não ensine a pescar,” pois a capacitação (ensinar a pescar) já é feita por instituições como o Sebrae, e o crédito (a vara) é oferecido por bancos como o BNB (Banco do Nordeste) com o Crediamigo. “O que falta é o acolhimento e a tecnologia”.

O projeto se propõe a ser o “acolhimento, que é botar dentro da bolsinha do canguru”. Isso implica fornecer *”educação financeira, alinhamento e alfabetização digitalização, ver o negócio do cidadão e, mais importante ainda, dar atendimento emocional, autoestima cidadão”.*

A Formalidade como Fuga do Assistencialismo

O Marsúpio é visto como uma iniciativa fundamental para enfrentar a realidade da informalidade no país, que, em algumas regiões, é superior ao número de empregos formais. O debate apontou que a informalidade está diretamente ligada ao programa Bolsa Família. Segundo as falas, há uma “dependência hoje do brasileiro da Bolsa Família o medo de perder a Bolsa Família para tudo”, o que cria uma barreira psicológica à formalização.

A informalidade é vista como um problema de Estado, e o assistencialismo, apesar de necessário, não pode tirar a dignidade da pessoa humana. O assistencialismo perverso, segundo a crítica feita, é o que “dá a bengala para você e deixo você sempre com a sua perna dependente porque você vai precisar da bengala”. O Projeto Marsúpio representa a “porta de saída do assistencialismo”, pois empodera o cidadão a gerar sua própria riqueza, sem depender de programas que, historicamente, têm conotação eleitoreira.

Para avançar com o Marsúpio, Paulo tem buscado parcerias com o Banco do Nordeste, o Sebrae e fundos internacionais. Embora exista um projeto piloto em andamento com o Sebrae, as dificuldades burocráticas têm impedido um avanço mais rápido nas parcerias.

Em suas considerações finais, Eduardo Sorensen reforçou a dificuldade do desafio, mas expressou sua motivação: “Eu estou de fato insistindo em fazer algo, mesmo que às vezes um pouco cético, mas acreditando na sua crença, na sua certeza. Porque eu sei que você tem certeza que você vai mudar o Brasil e o mundo e aí eu tô tentando ir um pouquinho nessa linha para falar vou fazer minha parte”. O objetivo final do projeto é dar “sentido e significado à sua vida” ao empreendedor, garantindo que ele tenha dignidade e possa gerar sua própria riqueza.

Propósito como fator de transformação

O episódio encerra com uma síntese do que ambos entendem como horizonte de mudança: geração de riqueza com dignidade, apoio tecnológico e fortalecimento da cidadania como prática cotidiana.

Cavalcanti resume: “O nosso propósito é transformar o nosso país a partir do coletivo.”

Sorensen conclui reafirmando seu compromisso pessoal: “Eu pretendo continuar com essa empolgação.”

O podcast “É da nossa conta!” é uma produção do Portal E Aí? e da Fundação Paulo Cavalcanti.

Clique AQUI e assista o episódio completo com Eduardo Sorensen!