Corruptômetro: o painel que o Brasil ainda não tem

Por: Movimento Via Cidadã

10/12/2025

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No meio de discursos de progresso e metas sociais grandiosas, há uma ferida aberta na estrutura do Brasil que poucos querem encarar: enquanto o Impostômetro exibe cifras cada vez mais astronômicas e o Gasto Brasil mostra despesas em alta contínua, o país segue perdendo a guerra contra o desvio sistemático de recursos públicos. A arrecadação cresce, mas os resultados não aparecem. O Estado cobra como potência, mas entrega como fracasso. E o rombo segue crescendo, onde não se mede: na corrupção, na sonegação e no crime organizado infiltrado nas instituições.

Estudos sérios indicam que o país perde algo entre 1% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano em corrupção. Se somarmos a sonegação fiscal e a ação de organizações criminosas que drenam recursos públicos, podemos supor que o prejuízo alcance algo entre 3% e 5% do PIB. Dinheiro suficiente para transformar o país com educação de qualidade, saúde decente, infraestrutura moderna e empregos sustentáveis. Verdadeiras metas a serem celebradas.

Mas não. A realidade vexatória é que continuamos a conviver com uma “cultura” brasileira, onde o desvio se tornou tolerado, o assalto aos cofres públicos e a pulverização da arrecadação via sonegação viraram parte da estrutura visível. Enquanto isso, o discurso oficial celebra “recordes de arrecadação” e “crescimento de gastos” como sinais de desenvolvimento.

A vergonha é dupla: não só porque estamos perdendo somas gigantescas todos os anos — dinheiro da sociedade, de cada cidadão, que deixa de se converter em benefício; mas porque, ao mesmo tempo, celebramos como vitória o fato de termos arrecadado mais, e gasto mais, sem questionar quanto disso simplesmente vazou, quanto foi desviado, quanto sequer chegou ao destino social pretendido.

Diante da corrupção, da sonegação e da infiltração do crime organizado no aparato público, não há como festejar arrecadação e aumento de gastos públicos sem que se pergunte: quanto desses recursos chegariam à população se não houvesse esse arranjo perverso e criminoso?

“Corruptômetro”

Chegou a hora de exigir transparência real. De termos novas ferramentas que contabilizem de forma séria e autônoma o rombo da corrupção. Um “Corruptômetro” que permita atualizar os números do Gasto Brasil de forma transparente, com mecanismos independentes que comparem arrecadação, gastos e desvios, e tornem público o quanto perdemos, quanto poderia ter sido investido, quanto deixamos de crescer por conta do desvio.

Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é só a cifra milionária: está o futuro do Brasil. Se vamos ou não abandonar a vergonha da cultura do desvio, se vamos ou não transferir para geração futura um país que prosperou com justiça e integridade.

Esta sim, é uma verdade inconveniente que temos que enfrentar: o inimigo está dentro, não apenas em “alguns corruptos”, mas numa cultura que tolera que o Estado seja saqueado e que a sociedade pague a conta. E só com o despertar da consciência cidadã participativa transformadora seremos capazes de romper esse ciclo e reconstruir a confiança entre o Estado e o povo.

Artigo escrito por nosso fundador, Paulo Cavalcanti.