O episódio desta segunda-feira (28) do podcast “É da nossa conta!”, apresentado por Paulo Cavalcanti, foi mais do que uma entrevista: foi uma aula aberta. O engenheiro, professor e coordenador do Núcleo das Micro, Pequenas e Médias Empresas da Associação Comercial da Bahia (ACB), Carlos Gantois, falou com franqueza e energia sobre os desafios do desenvolvimento na Bahia e no Brasil, defendendo com firmeza o papel das microempresas e a urgência de uma cultura cívica mais forte.
Logo no início, Gantois destacou o que está em jogo: “Ali estão 99% das empresas baianas e 60% dos empregos gerados. É fundamental este apoio. É fundamental que tenhamos a luta por defender essa preocupação que ele (Paulo Cavalcanti) aqui colocou nesse livro (E aí? Isso é da minha conta?) com coragem, com firmeza e com lucidez para que nós possamos melhorar a nossa Bahia.”
Ele detalhou as ações lideradas por ele e Rosemma Maluf no Núcleo da ACB: capacitação, acesso a crédito e desburocratização. “O pessoal dos bancos chega diz que é tudo fácil, mas não é bem assim. Qualquer probleminha eles não dão crédito ao micro e pequeno empresário.” Destacou também parcerias com o BNB, Desenbahia, UFBA, Sebrae e a criação da UniACB, voltada à educação empreendedora.
Também ressaltou a importância da mediação de conflitos para proteger quem quer trabalhar, com destaque para a Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem da ACB, hoje coordenada pelo vice-presidente José Luiz Sobreira: “É preciso que o microempresário tenha uma solução, uma mediação e, no último caso, uma arbitragem expedita.”
Ao criticar a estrutura estatal, foi direto: “Se vamos imaginar que essa máquina pública aqui esteja do tamanho certo, mas os gastos são maiores do que o que se arrecada, você cria um déficit fiscal violentíssimo. E quem vai pagar essa conta no final é a população, é o micro, é o pequeno.”
Com sua longa trajetória na educação, apontou os vícios do ensino universitário: “Há um distanciamento muito grande. Ainda existe, e se acentuou nos últimos anos, e não é nada a ver com partidos políticos… está entre a aplicação prática, que é isso que você perguntou, e a teoria.” E alertou: “O profissional que está se formando hoje como engenheiro, como médico, como administrador de empresa é com muita teoria e pouca prática.”
No plano institucional, Gantois convocou à mobilização cívica: “Vamos nos associar aqui (ACB). Vamos nos associar, porque essa casa aqui não é de Paulo Cavalcanti, não é de Carlos Gantois. Essa casa aqui é bicentenária e é do empresariado baiano, é do profissional baiano.”
Ao abordar desigualdades regionais, foi firme: “Já não basta o Brasil ter efetivamente uma péssima produtividade, um péssimo desempenho. Temos que superar a questão do semiárido, temos que superar a questão da educação.”
E resumiu: “Não existe luta de classes. Isso é um engodo. Polarização não interessa nada, nada ao Brasil. Tem que ser um país democrático, um país que distribua renda de forma mais equânime, sobretudo na região menos favorecida, que é a região Nordeste.”
Gantois encerrou com entusiasmo, elogiando a gestão de Paulo à frente da ACB e lançando um apelo à juventude: “É preciso que vocês sejam empreendedores. E que não fiquem apenas contando com cargos no serviço público.”
Confira o episódio completo:
