A tragédia anunciada: quando o Estado e a sociedade abandonam a consciência cidadã

Por: Movimento Via Cidadã

11/12/2025

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Nesta semana (31/10/2025), o Brasil testemunhou uma das operações policiais mais letais da história do Rio de Janeiro, com dezenas de mortos e comunidades inteiras em pânico. Infelizmente, este não é um fato isolado; é o retrato triste e fiel do colapso moral, institucional e cívico de uma nação que, dia após dia, segue se afastando de si mesma.

Quando o Estado se torna refém da sua própria ineficiência e o cidadão se acostuma a viver sob a lógica do medo, o crime organizado ocupa o espaço que o poder público e a consciência coletiva abandonaram. A omissão de décadas criou territórios onde o Estado perdeu autoridade e a vida e a dignidade humana passaram a ter preço e, às vezes, nenhum valor.

Mas a verdade inconveniente é que a raiz do problema não está apenas nas favelas nem na polícia. Está em todos nós. Na cultura da indiferença, no silêncio diante da corrupção, no voto vendido, na fé distorcida e no conformismo de quem acha que “não é da nossa conta” que “nada vai mudar”. Está nas elites que se calam, nas instituições que se omitem e no povo que foi ensinado a reclamar, mas não a participar.

A violência que explode nos morros é o eco da violência institucional, moral e social que corrói o país por dentro. É consequência direta da ausência de inteligência cidadã, da falta de participação, do colapso da educação cívica e do distanciamento entre governo e governados.

O resultado? Um país com recordes de arrecadação, acompanhado de recordes de insegurança e de ineficiência generalizada. Um povo exausto, dividido e descrente. Uma sociedade que não percebe que sua força real foi transferida, pouco a pouco, àqueles que vivem do seu medo.

O que estamos vendo nas manchetes é apenas o sintoma final de uma doença crônica: a ausência da Consciência Cidadã Participativa Transformadora. Enquanto não entendermos que a reconstrução do Brasil começa dentro de cada cidadão, continuaremos a assistir e sofrer com tragédias como essa, alternando a indignação, o sentimento de impotência e o esquecimento.

A mudança real só vai começar quando cada brasileiro se pergunta: “O que eu estou fazendo, de verdade, para transformar essa realidade?”

Sem esse despertar, o Brasil continuará refém de suas próprias covardias, e as operações das forças policiais continuarão sendo apenas o tratamento violento e paliativo de uma infecção moral que poderia ser curada com educação, consciência e participação.

O Brasil precisa de um novo pacto entre Estado e sociedade. Não um pacto burocrático, mas moral. É hora de refundar o país a partir da base, despertando o cidadão comum para a responsabilidade que abandonou. Nenhum governo, polícia ou política pública será capaz de curar o que a omissão coletiva alimenta. A revolução que falta não está nas ruas armadas, mas nas mentes despertas. Que cada um de nós, antes de exigir mudança, tenha a coragem de ser parte dela.

Artigo escrito por nosso fundador, Paulo Cavalcanti.