A dicotomia do empreendedorismo no Brasil

Por: Movimento Via Cidadã

09/09/2024

Compartilhe nas redes sociais

O empreendedorismo é assunto sempre atual e controverso em nosso país. Governos frequentemente criam políticas de atração de novos negócios, reconhecem a importância da pessoa jurídica e sua função social de gerar emprego, renda, bem-estar coletivo e pagamento de impostos. Ao mesmo tempo, demonizam e criminalizam o empresariado, os órgãos fiscalizadores e controladores criam ambiente hostil, carga tributária brutal e transferem responsabilidades, como se a classe empresarial fosse a culpada pela desigualdade social, inimiga do povo, condenada por produzir riqueza e lucro.

Na imprensa, muitas matérias sensacionalistas e sem fundamentação mostram a classe produtiva como geradora de pobreza e poluidora do meio ambiente, condenam o sucesso, a superação e a resiliência. É a figura da empresa tratada com total inversão de valores: o crescimento e as conquistas virando culpas e alvos de olhares contaminados por invejas destruidoras. Um cenário que gera sentimento de insegurança, afasta investimentos e desestimula o empreendedor formal.

Os mesmos governos que criam bancos especializados para financiamentos e empréstimos para fomentar empresas de todos os portes, também geram incerteza com mudanças constantes de legislações tributárias e ambientais, além do que chamo de autocanibalismo estatal, quando o próprio Estado comete absurdos e termina matando suas galinhas de ovos de ouro.

Diante destes fatos, surge a reflexão: afinal, os empresários são bons ou ruins para a sociedade? Precisamos ou não deles?

Inicialmente, vamos recorrer à Constituição Federal de 1988, onde consta a função social da empresa que, como já dito, é fundamental para gerar renda, emprego, tecnologia, desenvolvimento e bem-estar social. Na nossa Carta Magna constam até leis específicas para recuperação judicial de empresas sob risco de falência, para que possam se manter ativas. O que precisamos desenvolver agora é uma consciência coletiva capaz de eliminar discursos e abordagens contrários à produção de empreendimentos e aprendermos a valorizar o talento empreendedor.

Sabemos que um dos maiores problemas do Brasil é a alta taxa de informalidade. Mesmo com políticas de empréstimos e outras iniciativas importantes para resolver a questão, precisamos avançar e abrir a porta de entrada no mundo formal, acolher estes empreendedores raiz com oferta de conhecimento e contribuir para que conquistem dignidade e se sintam pertencentes e capazes de gerar riquezas.

Discursos sobre inclusão social que classificam um trabalhador como informal são também uma forma de excluí-lo. Aliás, o próprio empresário raiz já se autoexclui, quase sempre por medo do próprio Estado que deveria incentivá-lo. É preciso mudar essa terminologia e começar a apoiar verdadeiramente esses trabalhadores empreendedores.

Uma mudança de olhar importante para toda sociedade, principalmente quando consideramos que no Brasil a informalidade não tem cor, raça, gênero ou nível educacional. Afinal, muitos graduados, pós-graduados, advogados, médicos, engenheiros, também trabalham informalmente. Precisamos encarar essa discriminação e criar uma cultura empreendedora capaz de produzir riqueza, emprego e renda.

Nestas provocações, busquei relacionar os princípios da educação, da função social da empresa prevista na Constituição Federal e do empresário raiz, com a intenção de resolvermos esta crise de identidade da sociedade brasileira e, assim, possamos entender que o empreendedorismo e o empreendedor devem ser motivos de orgulho e caminhos para o desenvolvimento transformador.

Para o Brasil prosperar de verdade, precisamos de mais gente rica, mais empreendedores de sucesso e pessoas com conhecimento e atitude para superar as dificuldades deste ambiente hostil. Com consciência cidadã participativa transformadora a sociedade vai mudar sua visão, inverter a lógica vigente e reconhecer a importância das empresas e do empreendedorismo para o desenvolvimento do nosso país.

Artigo escrito pelo nosso fundador, Paulo Cavalcanti.