Empreender com dignidade: o impacto cidadão do Programa Marsúpio

Por: Movimento Via Cidadã

05/11/2025

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No novo episódio do podcast É da nossa conta!, que foi ao ar nesta segunda-feira (03), Paulo Cavalcanti recebeu o consultor Adriano Câmara, referência na área de micro e pequenos negócios com trajetória iniciada no Sebrae em 1993. A conversa abordou o papel do Programa Marsúpio no fortalecimento do empreendedor popular e na construção de autonomia econômica com base no acolhimento, educação empreendedora e formalização.

Logo no início, Adriano relembrou suas origens no desenvolvimento econômico e territorial.

“Comecei no sistema Sebrae em 1993. Fui consultor e, em 1997, gerente responsável por áreas como o Subúrbio Ferroviário, Simões Filho, Madre de Deus e Ilha de Maré.”

Paulo introduziu o propósito do Marsúpio:

“O programa Marsúpio é o projeto de acolhimento do empresário informal. Queremos trazer essas pessoas para a formalidade, mas, acima de tudo, estimular autoestima cidadã e dignidade.”

Ele destacou o perfil do público atendido:

“O empresário raiz é aquele que acorda todo dia, sem ninguém mandar, para trabalhar, mesmo sem proteção, sem apoio, sem rede.”

Acolhimento, não abandono

Durante a entrevista, Adriano explicou que o grande diferencial do Marsúpio é o apoio contínuo.

“O fertilizante é pegar no braço… o indivíduo sentir que não está sozinho.”

Paulo reforçou o conceito:

“O Sebrae ensina a pescar. O Marsúpio acolhe, aproxima e sustenta a caminhada.”

Adriano detalhou o impacto da presença ativa nas comunidades:

“A informalidade é cruel. Quando você chega, visita, acompanha, a pessoa passa a se ver como parte de um novo ciclo. Isso eleva a autoestima e muda a trajetória.”

MEI como porta de entrada social

A formalização por meio do MEI foi tratada como elemento central. Como afirmou Adriano:

“O MEI é um programa social. É o menor valor de recolhimento da Previdência, e abre mercado, crédito e novas oportunidades.”

Paulo complementou:

“É um programa social que motiva a trabalhar, não a depender. Não é bolsa para ficar parado. É ferramenta para construir dignidade.”

Adriano citou casos práticos:

“Quando ela se formalizou (beneficiária do Marsúpio), passou a fornecer 17 quentinhas por dia para o empreiteiro porque podia emitir nota.”

Mudança cultural: do “informal” ao “empresário raiz”

O consultor destacou a importância da linguagem como instrumento de transformação:

“‘Informal’ soa depreciativo. ‘Empresário raiz’ soa como força, como semente que vai frutificar.”

Paulo acrescentou:

“Quando a pessoa se autoelege cidadã, ela entende que tem poder, que pode cobrar seus direitos e participar do país.”

Integração institucional e tecnologia

Câmara destacou que o Marsúpio não substitui políticas existentes, ele integra.

“O programa costura o que já existe: Sebrae, Banco do Nordeste, Senai, Senac, associações comerciais.”

Paulo completou:

“É a fórmula ideal: crédito, capacitação, acolhimento e redes empresariais.”

A tecnologia também se destacou. Em teste ao vivo, o assistente do programa respondeu perguntas sobre o MEI.

“É híbrido: inteligência artificial e presença humana.” — resumiu Paulo.

Resultados práticos e exemplos

O piloto com 13 empreendedoras do Subúrbio Ferroviário de Salvador foi citado como prova de conceito.

“Muitas começaram com autoestima baixa. Hoje estão no iFood, fornecendo para mercados e ampliando produção.” — relatou Adriano.

Paulo reforçou o impacto humano:

“O sentimento delas era: ‘eu sei quem eu sou, eu sustento minha família’.”

Política pública e cidadania real

Ao final, Adriano defendeu a adoção nacional da metodologia:

“Se esse programa virar política de governo, a transformação será rápida.”

Paulo encerrou reforçando a responsabilidade individual:
“Você não precisa esperar salvador da pátria. Participe desse grande condomínio chamado Brasil.”

O podcast “É da nossa conta!” é uma produção do Portal E Aí? e da Fundação Paulo Cavalcanti. O episódio completo com Adriano Câmara está disponível aqui.