Nesta segunda-feira (27), duas mulheres empreendedoras do subúrbio ferroviário de Salvador, Carolina Guimarães e Sandra Aguiar, participaram do episódio 65 do podcast É da Nossa Conta!, conduzido por Paulo Cavalcanti, presidente da Fundação Paulo Cavalcanti e do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia. O encontro foi uma celebração da força transformadora do Projeto Marsúpio, iniciativa voltada ao acolhimento e formalização de empreendedores informais.
“Primeiramente é um prazer estar aqui com essa oportunidade de mostrar um pouco mais do nosso trabalho, porque muitas vezes nós somos invisíveis perante a sociedade”, disse Carolina, fundadora da Karol Flores Garden, empresa de plantas, flores ornamentais e paisagismo.
Ela conta que viu no projeto uma chance de crescimento e confiança mútua: “Alguém que tá acreditando no meu potencial, então eu vou encarar e me jogar também. É isso: uma confiança dos dois lados para o objetivo maior, que é crescer e expandir o conhecimento”.
Do medo à autoconfiança
Antes do Marsúpio, Carolina trabalhava na informalidade. Hoje, atua com CNPJ, orgulho e propósito:
“Quando a gente trabalha com o que ama, a gente dá o nosso melhor. E o Marsúpio me ajudou a quebrar bloqueios mentais. A gente leva muita porrada no dia a dia e acaba desconfiando quando vem uma oportunidade. Mas a vida é isso: a gente tem que se jogar e confiar”. – Carolina Guimarães
Sandra Aguiar, criadora da marca Feito K´Amor, especializada em brownies e bolos artesanais, compartilhou sentimento semelhante:
“Valeu a pena porque o projeto fez com que eu enxergasse que eu sou capaz. Às vezes a gente escuta tanta coisa, sofre discriminação por ser do subúrbio, e acaba acreditando que não pode. Hoje eu consigo me ver realmente como empresa, fazer as coisas com confiança”. – Sandra Aguiar
Ela recorda com emoção o dia da formalização: “24 de janeiro de 2024 ficou pra mim na história. Eu estava num momento difícil, fui atrás de uma vaga de emprego, mas decidi vir pra cá pra me cadastrar no projeto. Deixei o medo de lado e vim. E foi a melhor decisão da minha vida”.
Um canguru que acolhe e liberta
Durante a conversa, Paulo Cavalcanti explicou o conceito do Marsúpio. “O projeto é inspirado no canguru, que carrega o filhote vivo na barriga, protegendo até que ele possa dar seus próprios pulos e sobreviver. É um projeto de Estado, de Nação, pensado para dar dignidade à pessoa humana e fortalecer a autoestima cidadã”.
Mais do que capacitação técnica, o Marsúpio oferece acolhimento psicológico, apoio jurídico e orientação financeira. “Desde os 16 anos eu tentava um atendimento assim e só agora consegui. Faz toda a diferença”, contou Sandra. “Às vezes a gente não sabe o quanto é difícil pedir ajuda. Essa assistência faz toda a diferença”.
Cavalcanti destacou que o programa vai além da geração de renda:
“O Brasil tem mais informais do que formais. É preciso olhar pra esse grupo com dignidade. O que o Marsúpio faz é muito mais do que gerar renda: é devolver autoestima e pertencimento. É ensinar que todo cidadão é político e pode se autoeleger como parte da transformação”. – Paulo Cavalcanti
Caminhar juntas é o caminho
“A oportunidade não bate na porta duas vezes. A gente não pode deixar passar”, disse Carolina. “O empreendedorismo é solitário, mas quando tem gente que acredita na gente, a gente não tá sozinho. O empreendedorismo é resiliência”.
Sandra completou com a frase que se tornou símbolo do episódio: “O empreendedorismo é uma ferramenta de liberdade, e o impacto real só acontece quando caminhamos juntos.”
Invisíveis, nunca mais
No encerramento, Paulo Cavalcanti destacou o valor simbólico do que o Marsúpio representa. “Não é só a empresa que muda, é a pessoa. O formalismo traz dignidade, traz pescoço grosso, erguido, como disse Carolina. Antes, eram invisíveis. Hoje podem bater de frente com qualquer pessoa e dizer que são empresárias. É disso que o Brasil precisa: de gente que acredita no próprio valor”.
Confira o episódio completo: www.youtube.com/@portaleai
 
				 
															