No novo episódio do podcast É da nossa conta!, que foi ao ar nesta segunda-feira (20), Paulo Cavalcanti recebeu a psicoterapeuta transpessoal sistêmica Alessandra Meiraa para uma conversa sobre saúde mental, autoconhecimento e o impacto da terapia no desenvolvimento humano e profissional, especialmente entre mulheres atendidas pelo Programa Marsúpio, iniciativa voltada ao acolhimento e fortalecimento do trabalhador informal.
Logo no início da entrevista, Alessandra destacou a importância de integrar o projeto. “Agradeço a honra de estar participando desse podcast e principalmente de estar envolvida nesse projeto que é o Marsúpio.”
Paulo explicou o propósito do programa, idealizado pela Fundação Paulo Cavalcanti em parceria com a Associação Comercial da Bahia, destacando que “o programa Marsúpio é o projeto de acolhimento do empresário informal. A gente quer efetivamente trazer essas pessoas para a formalidade, mas mais do que isso, dar autoestima cidadã e fazer com que o que chamamos de dignidade humana seja praticado.”
Ele comparou o símbolo do projeto ao animal que lhe dá nome. “Marsúpio é o canguru. É o que leva o filhote vivo na sua barriga. Ele acolhe, ele protege. É isso que a gente entende: o empresário raiz é aquele informal que sai para trabalhar todo dia sem pedir nada a ninguém.”
Emancipação, não assistencialismo
Durante o diálogo, Alessandra ressaltou a diferença entre assistência e emancipação:
“O Marsúpio tem uma infinidade de benefícios, mas não é um programa assistencialista. Ele é emancipador. As pessoas integradas ao programa têm treinamentos, cursos e serviços. Não é aquela coisa de te dar na mão. Não estou te dando o peixe, estou te ensinando a pescar.” – Alessandra Meiraa
Paulo completou:
“O assistencialismo é quando você dá o peixe. Ensinar a pescar é o que o Sebrae faz, e o acolhimento é o que junta tudo isso. A dignidade e a autoestima cidadã trazem o sentimento de pertencimento e emancipação.”
Quebrando crenças e fortalecendo o pertencimento
Com foco na saúde mental, Alessandra atua diretamente no acompanhamento terapêutico das mulheres participantes do programa.
“O que mais me impacta é a questão do não pertencimento. Elas iniciam processos e travam por causa de crenças culturais de que não podem chegar a certos lugares. Muitas têm medo de dar certo. É como se desonrassem a família se prosperassem.”
Paulo resumiu:
“É como se tivessem nascido para receber auxílio, e não para dar certo. Nosso trabalho é mostrar que sucesso não é negar a origem, é apenas dar um passo a mais.”
Para Alessandra, esse passo exige autoconhecimento e coragem:
“Primeiro a gente começa, depois a gente melhora. É preciso tentar. Só vamos entender se vai dar certo quando tentarmos.”
Autoestima e autovalor
O Marsúpio inclui ações de capacitação, formalização e educação financeira, mas a transformação mais profunda ocorre no campo emocional.
“Todo negócio é reflexo do estado emocional de quem o conduz. Se eu não tenho um CNPJ saudável, é porque meu CPF também não está saudável. Eu preciso cuidar da pessoa para que ela consiga tocar o negócio dela.” – Alessandra Meiraa
Ela explicou ainda que muitas empreendedoras têm dificuldade de precificar seus produtos:
“Eu digo a elas: a gente não está falando só de preço, estamos falando de valor. É o valor do seu produto agregado ao que você faz, ao seu tempo, à vida que você coloca naquilo.”
Paulo reforçou:
“Você não está vendendo um bolo, está vendendo uma experiência afetiva, o gosto da infância. Não está vendendo um terço, está vendendo uma história.”
Associativismo e transformação cultural
O episódio também abordou o espírito colaborativo que orienta o Marsúpio.
“Ali não é concorrência, é parceria. É o espírito do associativismo: força, união e fortalecimento do ambiente onde se ganha dinheiro”, disse Alessandra. “O Marsúpio trabalha todo esse ecossistema, e cada participante entende que, ao fortalecer o outro, transforma o todo.”
Paulo concluiu lembrando que mudar essa mentalidade é um desafio cultural, mas possível:
“Estamos vivendo uma pandemia da falta de autoestima e da separação. O Marsúpio é um programa silencioso, revolucionário. É uma campanha pela transformação do país e pelo sentimento de pertencimento.” – Paulo Cavalcanti
Ao encerrar, ele resumiu a mensagem do episódio:
“Estamos vivendo tempos de ansiedade e insegurança, mas depende só da gente. Ninguém pode botar você para cima ou para baixo mais do que você mesmo. Acredite: ninguém lhe cobra mais do que você se cobra.”
O podcast “É da nossa conta!” é uma produção do Portal E Aí? e da Fundação Paulo Cavalcanti. O episódio completo com Alessandra Meira está disponível no canal do Portal E Aí? no Youtube, confira: www.youtube.com/@PortalEAi
 
				 
															