O podcast É da Nossa Conta!, conduzido por Paulo Cavalcanti no canal do portal E Aí? no YouTube, recebeu nesta segunda-feira (8) Maria Constança Carneiro Galvão, contadora e vice-presidente de Administração Financeira e de Patrimônio da Associação Comercial da Bahia (ACB). A conversa percorreu temas como educação, governança, valores e superação pessoal, traçando o retrato de uma profissional pioneira e de uma mulher de convicções firmes.
Filosofia das oportunidades
Constança não se apresenta com rodeios: “nunca achei nada fácil”. Desde jovem, construiu a vida sobre disciplina e amor à contabilidade. Sua máxima foi repetida no episódio: “na nossa vida tem três coisas que não tem retorno: a flecha atirada, a palavra proferida e a oportunidade perdida”. Oportunidades que, para ela, devem ser reconhecidas e aproveitadas, lição que atribui também à mãe, que lutou para que a filha estudasse e tivesse um diploma.
Da estagiária à liderança
A trajetória profissional começou cedo. Em 1967, ainda no curso técnico em contabilidade, ingressou como estagiária na Coelba. O estágio, obrigatório e supervisionado por professores, exigia aplicação rigorosa. “Eu passei por contas a pagar, contas a receber, estoques, obras em andamento, lançamento do livro diário, tudo de forma manual, com caneta tinteiro e mata-borrão”, recorda. Em 2 de janeiro de 1968 foi efetivada, dando início a uma carreira que a levou ao cargo de assistente da diretoria financeira.
No associativismo, fez história ao se tornar a primeira mulher a presidir o Conselho Regional de Contabilidade da Bahia. Na ACB, acumula experiências na gestão financeira e patrimonial, além de representações na Junta Comercial e no Conselho Municipal de Tributos. Como defendeu:
“Nós temos uma instituição histórica, com responsabilidades enormes, e precisamos cuidar do patrimônio de forma estratégica. Contabilidade e boa gestão financeira não são burocracia; são ferramentas de sustentabilidade”.
Reflexões sobre educação e cidadania
Paulo Cavalcanti usou a memória do estágio para discutir a crise educacional no Brasil e o retrocesso na formação técnica. Constança concordou: “isso me rendeu maravilhosamente… se fosse hoje, diriam que era exploração. Mas era fiscalização e aprendizado de verdade”.
O diálogo avançou para a consciência cidadã e a polarização política. Cavalcanti destacou os prejuízos no aprendizado de crianças sem acesso a saneamento básico. A convidada reforçou a importância de oportunidades reais, rejeitando divisões simplistas entre pobres e ricos, negros e brancos, empresários e empregados.
A fênix que renasce
Maria Constança também falou de sua experiência pessoal ao enfrentar um câncer de mama agressivo. “Lutei, venci… não foi fácil”, disse. O apoio da família e a fé foram decisivos. A superação fortaleceu sua imagem pública de resiliência: “a vida é um eterno aprendizado e eu sou uma eterna aprendiz”.
Outro tema recorrente foi a amizade: “se você quer construir laços fortes, tenha calma, paciência, olhe nos olhos e tenha resiliência, porque um amigo é para uma vida toda”. Em sua metáfora preferida, comparou:
“Amizade é como um bom café, depois de frio não se esquenta jamais”.
Legado e futuro
Paulo sugeriu que Constança registre suas memórias em livro. Ela lembrou que recentemente ganhou um cordel sobre sua trajetória, a ser publicado no portal É da Nossa Conta.
Na despedida, a emoção prevaleceu: “se chorei ou se sorrir, o importante é que emoções eu vivi”. Uma síntese de quem se define como guerreira e aprendiz, com a força de uma fênix que recomeça sempre.
O episódio completo está disponível no canal do portal E Aí? no YouTube. Confira: www.youtube.com
